segunda-feira, 29 de junho de 2009

Campanha por uma internet segura

















Eu acesso com segurança, pois:

  • Não aceito arquivos de estranhos;
  • Evito comprar em sites não conhecidos;
  • Evite expor dados pessoais em sites de relacionamento;
  • Monitoro e oriento, sempre que possível, crianças e adolescentes no uso da internet.
Se você se encaixa na lista acima, pegue o selo e a lista para o seu blog também! Assim estaremos promovendo a segurança na internet e o seu uso de forma responsável!

PEÇA a Nota Fiscal: a Educação Agradece

Se a/o cidadã/o não exigir nota fiscal ao comprar um perfume que custe R$ 40,00 - cuja alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços ) é de 25% -, a educação pública deixará de receber R$ 2,25 por parte do governo estadual.

Esquecer de pedir nota fiscal no momento da compra pode afetar diretamente a qualidade da educação pública brasileira. A afirmação pode soar estranha em um primeiro momento, mas especialistas ouvidos pelo JT* ressaltam que a relação causa e efeito é fácil de demonstrar.

Segundo César Augusto Minto, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), a afirmação não só é verdadeira, mas tem sido ponto norteador das ações do Comitê em Defesa da Escola Pública, órgão não-governamental formado por professores dos ensinos básico e superior, alunos e representantes de entidades ligadas à educação. A sociedade ainda desconhece que a verba destinada à educação pública provém do repasse de um porcentual dos impostos pagos pelos próprios cidadãos, afirma.

O educador ressalta que cabe ao cidadão atuar de forma direta contra a sonegação de impostos. Ao criar o hábito de pedir nota fiscal, independentemente do valor da sua compra, o cidadão já estaria contribuindo para uma educação pública de qualidade , diz Minto.

Entretanto, Minto desafia os empresários. De nada adianta uma empresa realizar projetos sociais voltados à educação se ela sonega impostos ou não contrata seus funcionários de forma legal.

Fernando Almeida, ex-secretário municipal de Educação, também destaca a importância da conscientização da sociedade. Não é novidade que a sonegação de impostos afeta diretamente o repasse de verbas para a educação, mas o cidadão tem de lembrar disso sempre que realizar suas compras.

Entretanto, Almeida ressalta o fato de que a verba repassada para a educação também é utilizada para o pagamento de professores, inclusive os aposentados. A verba da educação pode ser alta, mas os gastos com folha de pagamento também são altíssimos.

Na prática

Se o cidadão não exigir nota fiscal ao comprar um perfume que custe R$ 40,00 - cuja alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços ) é de 25% - , a educação pública deixará de receber R$ 2,25 por parte do governo estadual.

A explicação deste cálculo é simples, pois 75% do valor arrecadado com o ICMS ficam com o governo estadual. Então, 30% destes 75% do ICMS apropriados pelo governo representam o valor exato repassado para a educação.

Na sala de aula

Para Roseli Moreira, coordenadora pedagógica da Emef Nilo Peçanha, Zona Norte, a conscientização da sociedade sobre a relação entre impostos e repasse para educação é importantíssima. Muitos alunos têm a visão de que o material recebido na escola pública é gratuito e não proveniente dos impostos pagos por seus pais , diz.

A coordenadora conta que usou o exemplo da balinha, que funcionou para conscientizar alunos que vinham degradando o material recebido na escola. Chamei todos para conversar e expliquei que, ao comprar uma balinha, o cidadão já contribui de forma direta com a educação pública. Eles não faziam idéia dessa relação. Acho que cabe à escola pública conscientizar pais e alunos sobre a importância da exigência de nota fiscal, diz.

*Fonte: Jornal da Tarde. Quinta, 07 de Dezembro de 2006.



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domingo, 21 de junho de 2009

“Então é verdade, no Brasil é duro ser negro?”

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A mais importante atriz de Moçambique sofre discriminação racial em São Paulo

ELIANE BRUM

Fazia tempo que eu não sentia tanta vergonha. Terminava a entrevista com a bela Lucrécia Paco, a maior atriz moçambicana, no início da tarde desta sexta-feira, 19/6, quando fiz aquela pergunta clássica, que sempre parece obrigatória quando entrevistamos algum negro no Brasil ou fora dele. “Você já sofreu discriminação por ser negra?”. Eu imaginava que sim. Afinal, Lucrécia nasceu antes da independência de Moçambique e viaja com suas peças teatrais pelo mundo inteiro. Eu só não imaginava a resposta: “Sim. Ontem”.

Lucrécia falou com ênfase. E com dor. “Aqui?”, eu perguntei, num tom mais alto que o habitual. “Sim, no Shopping Paulista, quando estava na fila da casa de câmbio trocando meus últimos dólares”, contou. “Como assim?”, perguntei, sentindo meu rosto ficar vermelho.
Ela estava na fila da casa de câmbio, quando a mulher da frente, branca, loira, se virou para ela: “Ai, minha bolsa”, apertando a bolsa contra o corpo. Lucrécia levou um susto. Ela estava longe, pensando na timbila, um instrumento tradicional moçambicano, semelhante a um xilofone, que a acompanha na peça que estreará nesta sexta-feira e ainda não havia chegado a São Paulo. Imaginou que havia encostado, sem querer, na bolsa da mulher. “Desculpa, eu nem percebi”, disse.

A mulher tornou-se ainda mais agressiva. “Ah, agora diz que tocou sem querer?”, ironizou. “Pois eu vou chamar os seguranças, vou chamar a polícia de imigração.” Lucrécia conta que se sentiu muito humilhada, que parecia que a estavam despindo diante de todos. Mas reagiu. “Pois a senhora saiba que eu não sou imigrante. Nem quero ser. E saiba também que os brasileiros estão chegando aos milhares para trabalhar nas obras de Moçambique e nós os recebemos de braços abertos.”

A mulher continuou resmungando. Um segurança apareceu na porta. Lucrécia trocou seus dólares e foi embora. Mal, muito mal. Seus colegas moçambicanos, que a esperavam do lado de fora, disseram que era para esquecer. Nenhum deles sabia que no Brasil o racismo é crime inafiançável. Como poderiam?

Lucrécia não consegue esquecer. “Não pude dormir à noite, fiquei muito mal”, diz. “Comecei a ficar paranóica, a ver sinais de discriminação no restaurante, em todo o lugar que ia. E eu não quero isso pra mim.” Em seus 39 anos de vida dura, num país que foi colônia portuguesa até 1975 e, depois, devastado por 20 anos de guerra civil, Lucrécia nunca tinha passado por nada assim. “Eu nunca fui discriminada dessa maneira”, diz. “Dá uma dor na gente. ”

Ela veio ao Brasil a convite do Itaú Cultural, que realiza até 26 de junho, em São Paulo, o Antídoto – Seminário Internacional de Ações Culturais em Zonas de Conflito. Lucrécia apresentará de hoje a domingo (19 a 22/6), sempre às 20h, a peça Mulher Asfalto. Nela, interpreta uma prostituta que, diante de seu corpo violado de todas as formas, só tem a palavra para se manter viva.

Lucrécia e o autor do texto, Alain-Kamal Martial, estavam em Madagáscar, em 2005, quando assistiram, impotentes, uma prostituta ser brutalmente espancada por um policial nas ruas da capital, Antananarivo. A mulher caía no chão e se levantava. Caía de novo e mais uma vez se levantava. Caía e se levantava sem deixar de falar. Isso se repetiu até que nem mesmo eles puderam continuar assistindo. “Era a palavra que a fazia levantar”, diz Lucrécia. “Sua voz a manteve viva.” Foi assim que surgiu o texto, como uma forma de romper a impotência e levar aquela voz simbólica para os palcos do mundo.

Mais tarde, em 2007, Lucrécia montou o atual espetáculo quando uma quadrilha de traficantes de meninas foi desbaratada em Moçambique. Eles sequestravam crianças e as levavam à África do Sul. Uma menina morreu depois de ser violada de todas as maneiras com uma chave de fenda. Lucrécia sentiu-se novamente confrontada. E montou o Mulher Asfalto.

Não poderia imaginar que também ela se sentiria violada e impotente, quase sem voz, diante da cliente de um shopping em um outro continente, na cidade mais rica e moderna do Brasil. Nesta manhã de sexta-feira, Lucrécia estava abatida, esquecendo palavras. Trocou o horário da entrevista, depois errou o local. Lucrécia não está bem. E vai precisar de toda a sua voz – e de todas as palavras – para encarnar sua personagem nesta noite de estréia.

“Fiquei pensando”, me disse. “Será que então é verdade? Que no Brasil é difícil ser negro? Que a vida é muito dura para um preto no Brasil?” Eu fiquei muda. A vergonha arrancou a minha voz.
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Fonte:

domingo, 7 de junho de 2009

Documentário: “Simonal - Ninguém sabe o duro que dei”


Numa época de talentos eternos e revolucionários, Wilson Simonal brilhou como ninguém e inovou como poucos. Juntando qualidade, carisma, simpatia, suingue, charme, sensualidade e muito talento, ele se tornou a sensação do Brasil e ainda conquistou o público internacional. De repente tudo acabou.

Boatos, acusações, mistérios, patrulhas e perseguições. O que aconteceu com Wilson Simonal?

“Simonal - Ninguém sabe o duro que dei” traça a trajetória impressionante do ex-cabo de exército, que reinou soberano e acabou condenado ao ostracismo por um delito que jurava não ter cometido. Através de depoimentos de amigos, inimigos e, principalmente, de imagens das exuberantes performances do grande artista, o filme mostra também as respostas que nunca apareceram. Simonal era informante da ditadura? Era favorável aos militares? Ou seu maior crime foi ser negro, milionário, símbolo sexual num país e numa época em que existia muito racismo?

O documentário traz a história da ascensão e queda de Wilson Simonal (1939-2000), cantor que conseguiu status de estrela numa época em que no Brasil isso era raridade para artistas negros. De origem humilde, ele ganhou destaque na televisão nos anos 60, rivalizando com o domínio de Roberto Carlos e outros ídolos da Jovem Guarda. No auge da fama, dividiu o palco com a cantora Sarah Vaughn, em visita ao Brasil. Acompanhou a seleção brasileira ao México na conquista do tricampeonato, em 1970, e até arriscou a reflexão política sobre a negritude, na canção “Tributo a Martin Luther King”, composta em parceria com Ronaldo Bôscoli. Um incidente nunca esclarecido, envolvendo agentes do DOPS e um ex-empregado seu, lançaram sobre ele um processo criminal e a suspeita de que fosse um delator para as forças de repressão. [retirado do site http://firmaproducoes.com/2009/05/05/documentario-simonal-ninguem-sabe-o-duro-que-dei/ ]

O documentário traz uma brilhante exposição dos fatos que aconteceram, ouvindo inclusive o acusado do desfalque dado na Simonal Produções. Os depoimentos dos seus filhos e da ex-esposa nos trás a tona a discussão: Será que se ele não fosse negro essas coisas se perpetuariam?

O caso de Wilson Simonal é mais um fato de como o racismo impera nas relações socio-politico-economico-cultural do Brasil.

O filme esclarece, questiona, expõe, divulga fatos que infelizmente levaram à morte de um homem que desapareu antes mesmo do seu óbito.

Eu pergunto, "Teria Wilson Simonal sido vítima de uma conspiração racista e que até hoje, mesmo depois de sua morte, ainda paga por tais truculências?"

Vale apenas assistir esse belíssimo documentário que conta com a direção de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito.


Confira a baixo o vídeo promociocal do documentário.