segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Flores de uma primavera tão sonhada



Nossas histórias não são pra embalar mocinho
Nem pra fazer rir a Casa Grande
Nossos corpos não padeceram ao léu,
Eles serão exaltados nas lindas roupas que vestem nossos orixás

Xangô, Oyá, Ogum despertem a ira do nosso povo sofrido, do nosso povo humilhado
Nana, Oxum, Oxaguiã acalentem os oris desses/as filhos/as que ainda
sofrem com tamanho desrespeito
Que nossos corações possam emergir desse rio de sangue que ainda estão submersos

Vinte oito é a média de meninos mortos em pleno final de semana.
Um pra cada estado, mais o Distrito Federal e ainda sobra um.

Vinte oito são as vezes que dançarei quando, em nossas vidas,
eu ver surgir a primavera

Vinte oito serão as flores que brotarão em nossos corpos,
dessas feridas ainda abertas

Vinte oito, vinte oito, vinte oito...

E daí então saberei que, como Omolú, as feridas que nos
acompanham, serão brechas,
E delas nasceram flores

E delas nasceram, sim, a primavera tão sonhada...


***Para Larissa Nascimento em 21/09/2011