terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Desejos, momentos e lembranças. Cantiga inesperável da saudade


Saudades de um tempo que não volta
Saudades de lugares já visitados
Saudades de um tempo vivo e presente
Saudades...

Hoje, noite está com gosto de recordação. Com cheiro de lembranças
Olho para trás e vejo a imensidão de coisas que vivi.
Momentos tão singelos, tão meus
Encruzilhada de momentos marcantes e fugazes
Delírios insanos rompendo silêncios
Sorrisos cristalizados e gentis
Coleção de canetas na gaveta
Papel de carta rascunhada na penteadeira
Luzes ofuscantes na minha cara

Borracha
Papel
Caneta
Ou lápis?
Cheiro de café de manhã
Chuva forte no telhado
E canções, várias canções
Alegres canções

Sussurros melancólicos ao pé do ouvido
Canções melancólicas de uma fase juvenil
Ali eu era feliz, lá atrás
Lá onde eu tinha sonhos
Lá onde eu vivia amores, aventuras
Lá sim eu era feliz
Ou seria agora?

Fafá M. Araújo 12.12.11

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Estilhaços de uma prova dos nove...

Uma voz mansa e quieta sussurra algumas palavras aqui dentro
Tão baixinha que não se ouve com tanta nitidez
Parece um ser miúdo que tenta se agigantar ao tempo que várias outras coisas acontecem
Na verdade, a voz que tenta se mostrar, tenta se mostrar para não ser calada
Paro para escuta-la e vejo alguns questionamentos:


Por que amar nos põe em algumas provações tão
humanas e tão dementes?
Quantas formas de pedir socorro existem?
Quais serão as conseqüências de uma relação posta
à duras provas?


Esses questionamentos pulam de mim como algozes de um
momento inquieto, inconcluso
No meio dos guardados tento procurar
respostas a esses questionamentos...
Reviro tudo que possa
parecer algo palpável
Aflito, cansado e confuso vejo um fio de lágrima
querendo se apresentar
Não sei se escorrendo pela face faria encontrar
as suas respostas.

Por Fafá Araújo


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Flores de uma primavera tão sonhada



Nossas histórias não são pra embalar mocinho
Nem pra fazer rir a Casa Grande
Nossos corpos não padeceram ao léu,
Eles serão exaltados nas lindas roupas que vestem nossos orixás

Xangô, Oyá, Ogum despertem a ira do nosso povo sofrido, do nosso povo humilhado
Nana, Oxum, Oxaguiã acalentem os oris desses/as filhos/as que ainda
sofrem com tamanho desrespeito
Que nossos corações possam emergir desse rio de sangue que ainda estão submersos

Vinte oito é a média de meninos mortos em pleno final de semana.
Um pra cada estado, mais o Distrito Federal e ainda sobra um.

Vinte oito são as vezes que dançarei quando, em nossas vidas,
eu ver surgir a primavera

Vinte oito serão as flores que brotarão em nossos corpos,
dessas feridas ainda abertas

Vinte oito, vinte oito, vinte oito...

E daí então saberei que, como Omolú, as feridas que nos
acompanham, serão brechas,
E delas nasceram flores

E delas nasceram, sim, a primavera tão sonhada...


***Para Larissa Nascimento em 21/09/2011

domingo, 24 de julho de 2011

Editando fotos e vivendo fatos...


A fotografia do instante captura todos os momentos de êxtase e
intensidade que circula cada fagulha de segundo
A delicia do beijo inflama e fervilha todo momento de combustão corpórea que esse momento eterniza.
Fechando os olhos, conseguimos ultrapassar o paraíso
o caminho perdido que nos leva a um nada, talvez
E você? Só faz rir
Ri de forma tão serena que apunhala-me sem chance para defesa.
Cada história compartilhada é uma ponte entre o aqui e o ontem
e mais risos...
Parece zombar de mim
Eu que no momento, olho com aquele olhar pidão, aquele olhar de menino carente

Pedindo risos, afagos, carinhos, colos...
...E beijos.
...Suculentos...
...Deliciosos beijos...
Isso tudo faz crescer em mim uma vontade aguda de pura magia, encantamento, tesão e desejo
Meu corpo todo senti a delícia de cada momento
Sinto nos poros meu sangue fervilhar
E esse frio que faz la fora?
Meus sentidos todos aguçados por detalhes
compartilhados com um simples olhar

Fafá M. Araújo

sábado, 11 de junho de 2011

Nascimento de um poema - Para Fafá Araújo



Invento. Intento.

Tento. Penso. Sinto.

Mas O Poema Não Nasce.

Não Gero O Poema.

A Palavra Não Foi Fecundada. Não Se Fez Óvulo. Tento.

Mas Não Gero O Poema.

Invento. Intento. Tento. Penso. Sinto.

Canso. Paro. Reinicio.

Me Enrosco,

Roço,
Me Esfrego,

Me Movimento, Danço,

Bailo Em Cima,
Embaixo,

Por Dentro Das Palavras.

Mas O Poema Não Nasce.

Beijo,
Mordo,
Passo Lingua,
Acaricio Os Verbos,
As Letras,
Os Sons

Mas O Poema Não Nasce.

Fecundar,
Gerar, Brotar.

Parir Poema.



Como Dói.


Daiane Silva***
Pedagoga, tem trânsito entre cinema e dança. É participante do
Projeto Lanterninha, que desenvolve atividades na área de cinema em comunidades
populares da região de Salvador, Região metropolitana
e outros municípios

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Imaginação


E de repente ela surgiu...
Minhas mãos flamejantes acariciavam-lhe todas as curvas do seu corpo
Toda vez que meus olhos se miravam nela
Todo aquele encanto exalava um elixir de imenso e incalculável gozo
Sabores e odores penetravam todas as entranhas da minha existência
Somente pela porta da íris
A cundaline enfeitiçava
Deixava-me possesso
Enlouquecia-me a cada suspiro que ela dava
E como baila essa nega...
Nesse instante todo o meu corpo era olho e desejo
Meu olfato se aguçava ao máximo para tentar colher do ar aquele cheiro que dela surgia
Um entrelaçar de desejo, loucura e ficção ditavam qualquer história que pudesse surgir
As músicas que passavam registravam no tempo,
Todo aquele momento de delírio e sofreguidão
Era um encanto
...Talvez fosse ela. Era ela. Era ela que mexia somente comigo
Ao termino do dia já não sabia se estivera vivendo ou apenas delirando
Todo aquele prazer incontido na derradeira hora do acaso
Parecia mudo
Inércio
Estivera enfeitiçado?
Laçaram-me algum tipo de encantamento?
Ou são as curvas de seu corpo que criam um bailado encantado e altamente flamejante?
Hoje se me perguntarem detalhes sobre você, saberia responder o resultado dessa minha obsessão.
Saberia perfeitamente a forma como desataria sua calça, o número de seus sapatos, o modelo dos brincos que você não usava, a forma acometida com me olhavas.
Seria no mínimo leviano se ousasse falar, ou até mesmo arriscar o que pensas quando fica tão séria?
Aliás, se rindo você encanta séria você arrasa-me...
Fafá M. Araújo
...

Madrugada do dia 06/06/11

terça-feira, 24 de maio de 2011

Morre Abdias do Nascimento, guerreiro do povo negro


Faleceu nesta manhã de terça, 24, no Rio de Janeiro, o escritor Abdias do Nascimento. Poeta, político, artista plástico, jornalista, ator e diretor teatral, Abdias foi um corajoso ativista na denúncia do racismo e na defesa da cidadania dos descendentes da África espalhados pelo mundo. O Brasil e a Diáspora perdem hoje um dos seus maiores líderes.

A família ainda não sabe informar quando será o enterro. Aos 97 anos, o paulista de Franca, passava por complicações que o levaram ao intermanto no último mês. Deixa a esposa Elisa Larkin, o filho e uma legião de seguidores, inspirados na sua trajetória de coragem e dedicação aos direitos humanos.


Leia mais


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Nomeação para a SerMulher e SEPROMI confirmados hoje no Diario Oficial


Foram nomeados no Diário Oficial do Estado da Bahia de hoje, 05 de maio, o novo Secretário de Promoção da Igualdade Racial, Elias de Oliveira Sampaio e a Secretária de Políticas para as Mulheres, Veralúcia da Cruz Barbosa.
Na edição 20.549 do Diário foi também publicado a lei que modifica a estrutura organizacional e de cargos em comissão da Administração Pública do Poder Executivo Estadual.

***Elias Sampaio é economista formado pela UCSAL, mestre em economia e doutor em administração pela UFBA. Atualmente preside a PRODEB. FOi consultor do PNUD para o Programa de Combate ao Racismo Institucional e membro do comitê programático da Fundação Kellog no Programa de Equidade Racial e Inclusão Social no Nordeste.

***Veralúcia Barbosa (Lúcia Barbosa) é atualmente Dirigente Nacional do MST e Coordenadora Geral do Acampamento de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia. participa também da Via Campesina e da Coordenação Nacional do Movimentos Sociais (CMS). Há 10 anos coordena o encontro de trabalhadoras rurais para discutir gênero, feminismo, violência contra a mulher, feminização da pobreza, poder e sexualidade.

domingo, 17 de abril de 2011

Congresso Internacional do Medo - Carlos Drummond de Andrade




Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo e sobre
nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade






domingo, 10 de abril de 2011

Lista de Filmes Afros

Segue lista de filmes extremamente importantes para a história do povo negro, filmes de muita importância para sabermos nossas raízes. Esta divulgação é muito importante para espalharmos nossos conhecimentos, afim de informar nossos irmãos, formar conhecedores da história do negro.





http://www.megaupload.com/?d=JQPFTRH0 Panteras Negras


http://www.megaupload.com/?d=EI1IAE8W A Negação do Brasil.wmv


http://www.megaupload.com/?d=24H7CO3K Abolição_1988_(Zozimo).wmv




http://www.megaupload.com/?d=J8I33J30 Colors (1988) by Carioca.rar


http://www.megaupload.com/?d=OY6K2VBB Doc - Quilombo são josé da serra.avi


http://www.megaupload.com/?d=3UUHHD7Y Escritores da liberdade (Freedom writers) - Legendado



http://www.megaupload.com/?d=G52DQO41 Por.Toda.Minha.Vida.Tim.Maia.TVRip.Globo-JulioZ.avi


http://www.megaupload.com/?d=RPV9QGQY Quilombo (Caca Diegues).wmv


http://www.megaupload.com/?d=JYQ5GWL4 SIMONAL-Ninguem.sabe.o.duro.que.dei.avi


http://www.megaupload.com/?d=4GBYDDWE Shaft StirnerVHSRip (legenda pt-br).rmvb


http://www.megaupload.com/?d=D21VOINQ Shaft_2000_leg_FARRA.rmvb


http://www.megaupload.com/?d=KM0393RX Soul man 1986 (com legenda zipada).rar


http://www.megaupload.com/?d=QBPHXP0D Todo Poder para o Povo .wmv


http://www.megaupload.com/?d=JQPFTRH0 os panteras negras.avi

http://www.megaupload.com/?d=85B4DCAB panteras negras Documentario

terça-feira, 29 de março de 2011

Estudante vítima de Racismo no Rio Grande do Sul








Não tenho nada a dizer
Isso tudo me revolta
Isso tudo me entristece
A dor é coletiva
A dor é ancestral
Me traz a lembrança de outrora
Arranca de mim de forma cruel o sentimento de liberdade

Onde estão que não nos escultam?
Onde estão que não nos protegem?
Meu grito não é ouvido?
Admita.
Isso faz parte de você
Pátria armada que nos agride
Rosto branco que me olha
Que me mede

Devolva aquilo que é meu
Leve de volta a sua ira
Isso que corre nas minhas veias são resquícios de realeza
Respeitem meus cabelos, brancos
Não me entregarei a nenhum momento
Não abaixarei a minha guarda
Não tirarei os meus ancestrais da minha vida
Carregarei até a morte o exemplo das mulheres negras guerreiras que nunca se deixaram abater

E na sua cara cuspirei,
Escarrarei,
A imagem real do que é a minha imensa liberdade

Lágrimas de um Menino Negro (ou a sombra da maldade tem cor)
Por Fafá M. Araújo

quinta-feira, 24 de março de 2011

Uma foto minha e um poema de Landê Onawalê...



Disperso-me por aí
feito brisa
depois
me rejunto e chego como ventania
derrubo coisas
varro a casa
s a f a d a m e n t e
devasso a monotonia
talvez eu seja um vento mau
talvez injusto
pra quem tinha olhos postos no horizonte
a procurar por mim
não me desespero
e não quero
ser feliz de outro jeito
Landê Onawale - O Vento




domingo, 20 de março de 2011


‎"...Eu não devia te dizer , mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo." Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 14 de março de 2011


Os pensamentos fluem a me ver sentado no colo da Maria Sem Vergonha.
Olhando para frente. Frente essa que nos espera o mar.
O Oceano Atlântico.
Oceano este que nos traz além de tranqüilidade, beleza.
Também nos traz alimento.
Traz de volta as tartarugas que um dia aqui foram paridas,
Ou melhor, chocadas, por essas areias imensas, mais às vezes tão curtas.


Essa praia que ora é dos artistas,
Ora dos poetas, Ora dos atores
E muitas vezes e quase sempre dos admiradores.


Essa praia que abriga sentimentos revolucionários, libertários, libertinos e
libertadores,
Também é a praia do sossego, das manifestações, dos abraços, das lutas.
É nela que encontramos a barraca do Aloísio,
Uma das primeiras barracas Tropicalista de Salvador, que até hoje se mantém,
É nela que encontramos a Maria.
Maria mulher, destemida, regueira, rasta e Sem Vergonha.
Sem vergonha de viver, de ser, de estar, e de permanecer.
O meu ser se poetiza onde repousam a mente dos poetas,
Os ovos das tartarugas.
É onde se aguça o grito:
"Esgoto no mar é burrice” ou ainda esse
“Não ao emissário submarino”.
E é pela continuação desse espaço que queremos que ele,
Ou melhor, que ela seja sempre

A Praia dos Artistas

Fafá M. Araújo - O Poetizar do ser